quarta-feira, 21 de julho de 2010

PADRE OSIEL DISCRIMINADO POR SER PRETO

O PRETO DE ALMA BRANCA?

Preto de alma branca é assim que são tratado os pretos que fazem um bom trabalho, ou você é preto mais é homem! Você fez um trabalho de branco. Quando fazemos um bom trabalho bom, é trabalho de branco e quando fazemos ao contrário é de negro. O negro desde os primórdio da civilização brasileira foi discriminado, mesmo com a abolição dos escravos através da assinatura da Lei Áurea pela a princesa Isabel em 1888, os negros continuaram a ser discriminados. Os negros não podiam votar nem ser funcionário público. E a mulher era ainda pior, até mesmo na Igreja o negro não podia ser padre, e a mulher nem se fala até hoje é discriminada, não pode ser sacerdotisa e considerada como um demônio que extravia a vida do “SANTO PADRE”. Hoje é diferente mais o racismo está presente disfarçadamente. Os ditados e as piadinhas continuam como: Preto em pé é um toco e deitado é um porco, preto não dorme cochila, preto é o primeiro que chega e o último que come e responsável pelas as coisas que somem. Os apelidos: Macacos, torrão de asfalto, toco de roça nova, urubu carniceiro, e outros. Eu fui humilhado em toda minha vida. Ha cinqüenta anos atrás eu fui obrigado a aprender lutar para enfrentar as humilhações na escola e na rua, não gostava de ser chamado de: Maria fumaça e tiziu. Na hora de arrumar emprego, eu era escolhido para o trabalho pesado e ainda mais alguns falavam que era bom porque tinha as canelas finas e os dentes bons, mesmo eu tendo um pouco mais de estudo, ficava sempre com o serviço pesado. Com o futebol e a fama do Rei Pelé, começou melhorar, logo ganhei esse apelido, tudo estava bem quando meu time ganhava e eu marcava gol, mas quando perdia! Era o urubu azarento. No ginásio fui expulso por tirar nota melhor que a filha da diretora, ser negro ser protegido pelo o chefe político da cidade que me deu todo o material escolar. No Colégio Estadual Professor Pedro Gomes, tinha de Muçum e velho Zuza, gostei muçum por ser alegre e velho zuza por ser uma personagem do Grande humorista Chico Anísio que mais tarde Nigritinho apelido carinhoso que sou conhecido por muitos até hoje. Mas foi no Colégio Pedro Gomes que minha vida começou a mudar, certo aluno abusou de mim por causa da cor, eu fiquei nervoso e o peguei para jogar do primeiro andar para baixo, fui impedido pelas as colegas: Paula, Elsa e Diva, que as mesmas levaram ao conhecimento da diretoria. Fui chamado na sala do diretor Neres, que depois de me aconselhar, mandou para a sala dos professores, onde fui muito bem acolhido por todos principalmente pelos professores de Química Florisvaldo, Azor, Josias e demais que muito me confortou e me aconselhou me deixaram sem recreio para evitar que encontrasse com o caluniador. Logo depois do recreio fui liberado para assistir a aula de botânica que o professor era preto: Professor Josias. Esse grande mestre aula de humanidade e falou que tinha pena dos racistas, por serem tão pequenos que às vezes nem mereciam dar tanta importância. Depois da aula o aluno saiu eu nunca mais voltou ao colégio. Eu que era muito custoso tive que melhorar, pensei ser padre e no Seminário foi muito bem acolhido pelo o Arcebispo Dom Fernando,O diretor espiritual Pe. Quevedo, o Prefeito dos estudos e vigário Geral Pe. Pereira e todos os seminaristas.

Na Igreja não tive nenhum tipo de rejeição por ser preto, pelo o contrário, tive sempre o apoio de todos. Mesmo com tanta gente me ajudando, eu ainda não tinha assumido a minha negritude e que me ajudou a assumir nem sempre foram os pretos e sim os brancos. Na comunidade da Igreja do ateneu Dom Bosco, fui recebido incentivado pelos os amigos do grupo de jovens: Cairo, hoje Dr.Cairo de Freita que Secertário de Saúde, Pedro Batista, que mais tarde, foi vereador e presidente da Câmera, Dayse Nancy que mais tarde celebrei seu casamento com Marcos Nascimento na Igreja Dom Bosco, Telor e Terezinha que tive a honra de celebrar o casamento de uma de suas filhas na pousada dos engenhos, Suely, Rosely e Rosana e vários jovens e ninguém era preto, mas me deram força. Na comunidade da catedral todos me ajudaram e não tinham nenhum negro. Eu participava da mais alta sociedade de Goiânia, aparentemente, não era discriminado, mas quando os pais dos jovens meus amigos perguntavam pro que eles gostavam tanto do nigritis a maneira carinhosa como eles me chamavam, eles respondiam: Ele é preto mais é seminarista e mora com o bispo! Nigritis é preto mais é estudado! É preto, mas... Foi aí que descobri que mesmo meus amigos querendo me ajudar, eles tinham que justificar quem eu era! E se eu não fosse seminarista? Se não morasse com o Bispo. Descobri então que o racismo é mais econômico, as pessoas como: Pelé, Milton Nascimento, Milton Gonçalves e outros Negros famosos não sofrem tanta discriminação. Só me encontrei totalmente na Universidade Federal quando conheci e participei do grupo de união e consciência negra, com uma palestra de um africano: Baculelê feita para os colegas do curso de filosofia da UFG. Como padre sempre foi discriminado por uns e muito querido a admirado por outros. Ex: quando alguém procura o padre, mesmo eu tendo bem arrumado eles custam acreditar que sou eu. Quando vou celebrar fora onde sou desconhecido, me pergunta quando o padre vai chegar, eu brinco e falo que está chegando. Na hora marcada visto a túnica e convido o povo para a celebração e sempre uma surpresa. Na escola os pais sempre procura pelo o diretor, mesmo falando que sou eu, muitos não acreditam e às vezes tenho que chamar

Minha esposa que é branca ou uma empregada. Mas eu já estou acostumado até me divirto com isso, mas já perdi alunos por ser preto. O racismo é a pior desgraça de uma sociedade e a pobreza mais pobre de todos os pobres. O preconceito de maneira geral é um câncer maligno e destruídos de todos os seres. Se consegui chegar até aqui, é porque encontrei homens e mulheres sábios e inteligentes que me deram a mão, sinto até com minhas filhas, que por mais que elas gostam de mim, ficam tristes quando alguém fala piadinhas, mas tem um caminho a seguir. E agora? Os negros que não encontraram as pessoas que eu encontrei, como: Dom Pedro Casaldáliga, que me chamou de Dom Zumbi dos Palmares, Dom Celso de Queiroz que com uma brincadeira carinhosa me apresentou na prelazia de São Felix do Araguaia como o bispo da África quando estávamos celebrando a festa de aniversário de 15 anos da prelazia.

E se os negros não encontrar um Dom Fernando, nem um seminário Santa cruz? Eu agradeço ao grande Mestre Jesus por ter colocado essas almas bondosas em meu caminho que me ajudou a me libertar do preconceito e do ódio, hoje me aceito como eu sou preto e não moreno nem escurinho, faço sempre serviço de preto, e não tenho alma branca, porque alma não tem cor. Não sou um preto branco. Sou preto, e meu serviço é meu mesmo e que Pretos, brancos, pardos, amarelos de todas as cores e de todas as raças de mãos dadas construiremos um mundo mais colorido. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

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