domingo, 25 de julho de 2010

UM SONHO DE CRIANÇA

UM SONHO DE CRIANÇA

Mãezinha andei errante vagando
Nos trios tortuosos da vida,
Vendo seu rostinho triste chorando
Lágrimas melancólicas da despedida.

Com a alma vazia e cansada
Buscando do alto o sentido da vida,
De cabeça erguida segui minha estrada
Deixando um vazio na pátria querida.

No livro da vida encontrei meu caminho
Nos sonhos de crianças só flores existiam,
Entre estranhos fiquei sem carinho
Quando chegava de noite eu te via.

Chamava teu nome ninguém respondia
Com medo da noite fiquei assustado,
Esperava ansioso a volta do dia
A saudade de ontem que tinha passado.

Na luta continua do dia a dia
Caindo, levantando a vida enfrentava,
Tomando por experiência os tombos que vinha
Uma Ave Maria eu sempre rezava.

Com medo do frio levantava cedinho
Contemplando as estrelas sozinho eu chorava,
No cantar perseverante dos passarinhos,
Em frias neves o sol vislumbrava

Sem medo da noite e da escuridão
Acordei para ver a estrela da guia,
Vi mamãzinha com uma rosa na mão
Em um lindo sorriso ofertando a Maria

Partiu sorrindo no vermelhão da aurora
Deixando na terra teus raios dourados...
De mãos dadas com Nossa Senhora
Obrigada mamãe, muito obrigado.


Escrito do dia primeiro de dezembro de 1962
Ao dia primeiro outubro de 1963.Na fazenda
Do Sr.Ubirajara di Damos Caiado onde vivi
10 meses no inferno, trabalhando como escravo.
O lugar preferido para escrever era á noite dentro do
Chatão, Sela, isto é: quarto trancado por cadeado por fora
Pelo menos nos primeiros meses. Outro lugar preferido



Outro lugar era a beira do córrego na cede da fazenda.
O papel que eu usava era uma pequena caderneta de bolso
Na qual fazia também minhas anotações e a conta dos dias
Que faltava para minha libertação. Mais detalhes no meu artigo:
Dez messes no inferno.

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